É tão estranho esperar o tempo do tempo. É incrivelmente
belo crescer e estranhamente doloroso evoluir. É como se as experiências fossem
um barco e os responsáveis pela direção fôssemos nós, tripulantes. É como gritar
num oceano sem que ninguém possa te ouvir ou como chorar até seus olhos
cansarem, mas ninguém conseguir te aliviar. Divisores de água: o amor e o
sofrimento; a cura e o perdão. Ando refletindo muito sobre a linha tênue entre
o amor e o perdão. Entre o limite racional e emocional. Reflito sobre as
fronteiras que existem entre a vontade de querer voltar no tempo e a
necessidade de seguir a vida como dá, como tem que ser. É um eco sem fim dentro
de nós que se alinha quando está longe e desalinha quando se vê, quando se olha
mal consegue se perceber o que de fato existiu ali. É a fé motorista das nossas
decisões ou somos reféns de nossas paixões? É inevitável saber o que esperar
quando se espera. Como se nada mais fizesse sentido como antes, mas ao mesmo
tempo um novo sentido surge. Tem dias que é peso morto, outros é flor nascendo.
Tem dias que é pra riso, outros que não entendo. É como caminhar durante o dia
todo buscando sombra e água no deserto e a noite buscando calor e conforto. É
mergulhar profundamente na própria dor e se libertar quando conseguir parar de
se afogar. Até se encontrar no próprio porto, até ser o seu próprio farol na
escuridão. Até quando o medo da tempestade em alto mar não for maior do que a
sua vontade de atracar em si. Voltar a si, pertencer-se. Ser feliz mais uma
vez, outra vez.
Eu-Expresso
Feliz é aquele que não tem medo de dizer o que sente.
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segunda-feira, 24 de abril de 2017
sábado, 10 de dezembro de 2016
O Despertar do Corpo, Mente e da Alma
Falar sobre o despertar nunca é simples. Costumo dizer que
os nascidos de 20 anos para cá já vieram com uma carga muito mais intensa do que
os nossos familiares viviam - em especial espiritualmente. Não que não existissem cobranças, pressões ou
prazos naquela época, mas hoje tudo é realmente muito líquido, porém a
densidade e a profundidade são maiores. A pressa em solucionarmos nossos
problemas é tamanha, que buscamos em formas comprimidas (literalmente) soluções para algo que
sempre estará dentro de nós. Nascemos em um tempo onde atividades precisam ser incessantes.
Quando crianças, os nossos pais entendiam que para que tivéssemos um bom
desenvolvimento era necessário ocuparmo-nos fisicamente e mentalmente, também
como forma de terem mais tempo para tratar de outros assuntos, e as conversas de cunho emocional foram ficando cada vez mais sem a devida atenção. O resultado disso? Nos tornamos adultos muito sujeitos a ter mais medo do que força para superar a realidade. Me considero uma
pessoa de sorte ainda, pois meus pais tinham sabedoria e compreenderam que, às
vezes, um momento de ócio para uma criança que já nasceu em um mundo mais
acelerado era necessário, para que ela soubesse lidar com o barulho de sua
própria mente no futuro. E esse é o desafio que encontramos hoje: como lidar
com o silêncio de nossas mentes, já que vivemos buscando atividades para
preencher o nosso tempo? Ou deveria dizer como lidar com o barulho de nossas mentes quando tudo está quieto do lado de fora? Como lidar com nossos conflitos internos? Bom,
evidentemente quando estamos sob pressão ou na correria do dia a dia, nós
podemos até pensar nos nossos problemas, mas só damos a devida atenção no
momento de calmaria, que é quando geralmente as reflexões mais profundas da
alma (sonhos, medos, traumas etc) entram em contato conosco trazendo aquela sensação de desconforto, que nos
faz querer buscar ou a fuga imediata ou a cura para determinado sofrimento/questionamento. E aos poucos nós vamos fazendo um processo gradual de despertar
do espírito, que se reflete tanto no corpo quanto na mente. Acreditamos pensar
ou sentir determinadas coisas que outros não pensam ou sentem. Criamos um mundo
dentro de nós onde parece que por mais que nós nos expliquemos, nunca seremos
de fato compreendidos (além do fato de saber que se explicar dá um certo trabalho!), nos falta paciência para compreender a falta de compreensão alheia sobre os nossos problemas! Então talvez o melhor a se fazer fosse ignorar a
evolução batendo à nossa porta até que ela se resolva por si só ou até que o
mundo resolva por nós, certo? Errado! Engrandecemos tanto o nosso sofrimento, que impedimo-nos
de sermos ajudados por quem, na maioria das vezes com muito mais prática do que
nós, e somente pelo olhar, já decifra. Nós gostamos de nos esconder, porque lidar
com a nossa realidade (embora nem tudo seja sofrimento)
é algo que traz, SIM, muita dor. Mas reflita: será que somos tão intangíveis assim? Será que o nosso
silêncio mal empregado não poderia ser a palavra de conforto para o outro que
está em conflito? A nossa quebra de silêncio pode ser sempre o conforto que alguém busca querer ouvir e nem sempre isso será explícito. É necessário saber desenvolver a empatia. Essas coisas eu me pergunto com frequência porque hoje
vivemos com medo até de falar o que pensamos por achar que a verdade fará mal aos outros,
quando na realidade a verdade por mais dura que seja é a ÚNICA que nos liberta.
Trocamos a verdade pela zona de conforto e falsamente achamos a solução para os
nossos problemas: vamos ouvir o que queremos a fim de não lidar com o que
criamos. E então o universo caminha para essa grande falta de sensibilidade, que
se espalha cada vez mais. Falar sobre si, seus medos, perdas e contentamentos,
tornou-se algo perigoso porque grande parte cre que isso pode ser usado contra si
mesmo. Permita que os seus questionamentos e feridas venham para a superfície
do seu corpo. Conheça quem realmente você é através dos seus momentos mais
extremos. Liberte-se das amarras que criam um universo paralelo dentro de você
e falsas situações de mundo onde tudo parece intangível e insensível. A dor é intrínseca
da vida. É como uma ferida que precisa do seu tempo para cicatrizar e voltar a
ser o que era antes. A dor é um processo do questionamento, e a evolução o da
cura. Ainda que seja difícil aceitar, entender ou lidar com os fatos tanto da
vida quanto os seus, seja bom para com você, seja paciente e sensível. Não seja
tão rude ou pense que é bobagem. Ninguém está em condição melhor nesta Terra,
muito pelo contrário, estamos todos na mesma condição. Se alguém não te
entender, não o culpe; siga em frente porque no caminho haverá milhares de
outros como você, que buscam outros milhares como eles. E os que se entendem, se
unem até sermos um, e os que ainda não é porque não despertaram dentro de si.
terça-feira, 29 de novembro de 2016
Precisamos Falar Sobre a Brevidade da Vida
Não sei exatamente como começar este texto. Não sei se soará coeso ou coerente, se te parecerá linear ou lógico, mas uma coisa eu sei que precisa acontecer: tocar a tua alma. Hoje o Brasil acordou com a triste notícia sobre o time de futebol Chapecoense, que sofreu um acidente durante um voo e, querendo ou não, acontecimentos dessa proporção sempre nos leva a refletir sobre a vida de maneira geral, mas mais especificamente, o valor que devemos dar as pequenas coisas e não damos. Certa vez um amigo meu me contou uma história com o propósito de me fazer refletir sobre condutas familiares, ele me disse: "supondo que você brigue com alguém da sua casa e momentos depois essa pessoa saia de casa, para ir a padaria. Um trajeto simples. Porém, no meio do caminho, um acidente acontece e essa pessoa não resiste e acaba falecendo. Você, na sua casa, ainda com aquele sentimento da briga que ocorreu, recebe a notícia via telefone. Como você se sentiria se o último momento que você teve com essa pessoa fosse marcado por um sentimento negativo ao invés de um momento de amor e felicidade?". Bom, no momento em que eu ouvi isso, me silenciei profundamente, atônita, de como algo tão simples poderia deixar uma marca tão profunda e, pelo resto de uma caminhada, nos trazer a recordação amarga de que poderíamos ter controlado nosso ímpeto e relevado, proporcionando o silêncio e, posteriormente, um momento descontraído, e então teríamos pelo menos a boa recordação para nos confortar ao invés do pesadelo da culpa. Amigos, sempre digo que a língua é o chicote do corpo, mas a culpa é o da alma. E acreditem, a culpa pesa muito e às vezes suportá-la pode ser insuportável. A essa altura do texto sei que você deve ter pensado em mil situações que ocorreram já em sua vida e você deve ter sentido, por alguns momentos, esse peso. Esse acidente hoje com o time de futebol me fez refletir qual teria sido os últimos momentos daquelas pessoas com suas famílias. Será que havia desculpas a serem ditas ou será que todos os que ficaram podem se sentir em paz de saber que deram o melhor de si, viveram o amor ao próximo e tudo que resta hoje é uma saudade dos tempos bons que ficarão em suas memórias? Isso não se restringe apenas ao ocorrido de hoje, isso é sobre todos os pequenos momentos que podemos escolher fazer diferente, para melhor, e ainda assim escolhemos o fel para aprender nossas lições. Contamos muito com um amanhã, que nem sabemos se existirá, apenas por acreditar, de maneira soberba, que temos o controle das situações na vida. Ledo engano. Só existe um Ser neste mundo Onisciente, Onipresente e Onipotente e, enquanto vivermos esperando que os outros melhorem, para que então nós melhoremos, estaremos deixando a vida conduzir dizendo a ela inconscientemente: "aceito o que vier, pois não me importo com o que eu fizer.". Façamos nós a nossa parte: vamos amar, confiar, praticar a caridade, esquecer as diferenças e fazer as pazes enquanto pudermos. Vamos dar o melhor de nós sempre, antes que o pão nunca chegue a sua mesa.
segunda-feira, 1 de agosto de 2016
O Que Te Move?
O que ou quem desperta o seu melhor lado? Aquela fluidez
energética que simplesmente faz você se sentir sincronizado com todas as suas
partes mais íntimas, sem se sentir revoltado. Aquele desejo de ser revirado,
devorado, por uma compreensão que foge do entendimento padrão. Qual é a nome
que você atribui a esta beleza? Aquela que te faz respirar fundo para analisar,
sem te flagelar. Aquela que quer complementar e não apenas ensinar. Será um
sonho ou uma ação que te impulsiona a viver? Já descobriu a tua verdadeira
paixão? Você já aprendeu a dizer não? Já aprendeu a se permitir? Ao que ou a
quem você atribui a tua vontade? O que te move? Santa zona de conforto que nos
desconforta! Todas as vezes em que pensamos já ter conquistado tudo o que
desejamos, mas ao sonhar de novo, nos faz perceber que ainda há muito o que se
fazer. Sempre haverá muito que fazer. E que isso seja sempre prazeroso e não
vergonhoso. Dividir, demonstrar, agregar, acalentar. Que o meu amor e empatia
sejam sempre muito maiores do que os das pessoas comigo, em caso um dia
faltarem nesse aspecto, o meu estender-se-á a quem precisa, mas ainda me
amparará.
segunda-feira, 25 de julho de 2016
Às Vezes Só É Preciso Ir
Já te ocorreu em algum momento da vida aquelas situações
que você sabe que inevitavelmente irão acontecer, mas você não sabe o que
esperar ou como se sentir na hora em que o momento chegar? Pois é, acredito que
com todos nós, e quem ainda não, relaxa, porque esse dia chega para todos nós.
E naquela mistura de ansiedade, medo, pânico, conforto, até letargia, uma
paralisia, você se questiona: “e agora? Vou ou não?”. Passam milhares de
pensamentos na sua mente em frações de segundos que você mal consegue se
expressar. Chega até a sufocar. Horrível, né? Mas a vida não ensina como é
melhor viver, não vem com nenhum manual e você também não pode devolver ao
fabricante. Nessas horas chegamos em um ponto crucial das nossas decisões: às
vezes só é preciso ir! Ir sem pensar, ir sem temer o que poderá chegar ou o que
deixaremos para trás. O novo assusta por ser justamente algo NOVO, oras. Por
nunca termos vivenciado isso antes, o que é de costume não nos traz nada de
desafiador porque já conhecemos, passamos pela fase de superação. Mas note bem
que antes de você se adaptar a sua vida, você também temeu esse momento. E é
esse o ponto que quero levar você a entender, leitor. O medo sempre existirá
para o desconhecido. Não há como saber o tempo todo se nossas ações serão
benéficas para nós mesmos, isso leva tempo e exige de nós o ato de tentar,
enfrentar. Só há como saber do depois quando você já está vivendo ele, um dia
de cada vez, perceba que o novo é o depois.
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