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segunda-feira, 24 de abril de 2017

Reflexões no Espelho Azul




É tão estranho esperar o tempo do tempo. É incrivelmente belo crescer e estranhamente doloroso evoluir. É como se as experiências fossem um barco e os responsáveis pela direção fôssemos nós, tripulantes. É como gritar num oceano sem que ninguém possa te ouvir ou como chorar até seus olhos cansarem, mas ninguém conseguir te aliviar. Divisores de água: o amor e o sofrimento; a cura e o perdão. Ando refletindo muito sobre a linha tênue entre o amor e o perdão. Entre o limite racional e emocional. Reflito sobre as fronteiras que existem entre a vontade de querer voltar no tempo e a necessidade de seguir a vida como dá, como tem que ser. É um eco sem fim dentro de nós que se alinha quando está longe e desalinha quando se vê, quando se olha mal consegue se perceber o que de fato existiu ali. É a fé motorista das nossas decisões ou somos reféns de nossas paixões? É inevitável saber o que esperar quando se espera. Como se nada mais fizesse sentido como antes, mas ao mesmo tempo um novo sentido surge. Tem dias que é peso morto, outros é flor nascendo. Tem dias que é pra riso, outros que não entendo. É como caminhar durante o dia todo buscando sombra e água no deserto e a noite buscando calor e conforto. É mergulhar profundamente na própria dor e se libertar quando conseguir parar de se afogar. Até se encontrar no próprio porto, até ser o seu próprio farol na escuridão. Até quando o medo da tempestade em alto mar não for maior do que a sua vontade de atracar em si. Voltar a si, pertencer-se. Ser feliz mais uma vez, outra vez. 


sábado, 10 de dezembro de 2016

O Despertar do Corpo, Mente e da Alma



 
Falar sobre o despertar nunca é simples. Costumo dizer que os nascidos de 20 anos para cá já vieram com uma carga muito mais intensa do que os nossos familiares viviam - em especial espiritualmente. Não que não existissem cobranças, pressões ou prazos naquela época, mas hoje tudo é realmente muito líquido, porém a densidade e a profundidade são maiores. A pressa em solucionarmos nossos problemas é tamanha, que buscamos em formas comprimidas (literalmente) soluções para algo que sempre estará dentro de nós. Nascemos em um tempo onde atividades precisam ser incessantes. Quando crianças, os nossos pais entendiam que para que tivéssemos um bom desenvolvimento era necessário ocuparmo-nos fisicamente e mentalmente, também como forma de terem mais tempo para tratar de outros assuntos, e as conversas de cunho emocional foram ficando cada vez mais sem a devida atenção. O resultado disso? Nos tornamos adultos muito sujeitos a ter mais medo do que força para superar a realidade. Me considero uma pessoa de sorte ainda, pois meus pais tinham sabedoria e compreenderam que, às vezes, um momento de ócio para uma criança que já nasceu em um mundo mais acelerado era necessário, para que ela soubesse lidar com o barulho de sua própria mente no futuro. E esse é o desafio que encontramos hoje: como lidar com o silêncio de nossas mentes, já que vivemos buscando atividades para preencher o nosso tempo? Ou deveria dizer como lidar com o barulho de nossas mentes quando tudo está quieto do lado de fora? Como lidar com nossos conflitos internos? Bom, evidentemente quando estamos sob pressão ou na correria do dia a dia, nós podemos até pensar nos nossos problemas, mas só damos a devida atenção no momento de calmaria, que é quando geralmente as reflexões mais profundas da alma (sonhos, medos, traumas etc) entram em contato conosco trazendo aquela sensação de desconforto, que nos faz querer buscar ou a fuga imediata ou a cura para determinado sofrimento/questionamento. E aos poucos nós vamos fazendo um processo gradual de despertar do espírito, que se reflete tanto no corpo quanto na mente. Acreditamos pensar ou sentir determinadas coisas que outros não pensam ou sentem. Criamos um mundo dentro de nós onde parece que por mais que nós nos expliquemos, nunca seremos de fato compreendidos (além do fato de saber que se explicar dá um certo trabalho!), nos falta paciência para compreender a falta de compreensão alheia sobre os nossos problemas! Então talvez o melhor a se fazer fosse ignorar a evolução batendo à nossa porta até que ela se resolva por si só ou até que o mundo resolva por nós, certo? Errado! Engrandecemos tanto o nosso sofrimento, que impedimo-nos de sermos ajudados por quem, na maioria das vezes com muito mais prática do que nós, e somente pelo olhar, já decifra. Nós gostamos de nos esconder, porque lidar com a nossa realidade (embora nem tudo seja sofrimento) é algo que traz, SIM, muita dor. Mas reflita: será que somos tão intangíveis assim? Será que o nosso silêncio mal empregado não poderia ser a palavra de conforto para o outro que está em conflito? A nossa quebra de silêncio pode ser sempre o conforto que alguém busca querer ouvir e nem sempre isso será explícito. É necessário saber desenvolver a empatia. Essas coisas eu me pergunto com frequência porque hoje vivemos com medo até de falar o que pensamos por achar que a verdade fará mal aos outros, quando na realidade a verdade por mais dura que seja é a ÚNICA que nos liberta. Trocamos a verdade pela zona de conforto e falsamente achamos a solução para os nossos problemas: vamos ouvir o que queremos a fim de não lidar com o que criamos. E então o universo caminha para essa grande falta de sensibilidade, que se espalha cada vez mais. Falar sobre si, seus medos, perdas e contentamentos, tornou-se algo perigoso porque grande parte cre que isso pode ser usado contra si mesmo. Permita que os seus questionamentos e feridas venham para a superfície do seu corpo. Conheça quem realmente você é através dos seus momentos mais extremos. Liberte-se das amarras que criam um universo paralelo dentro de você e falsas situações de mundo onde tudo parece intangível e insensível. A dor é intrínseca da vida. É como uma ferida que precisa do seu tempo para cicatrizar e voltar a ser o que era antes. A dor é um processo do questionamento, e a evolução o da cura. Ainda que seja difícil aceitar, entender ou lidar com os fatos tanto da vida quanto os seus, seja bom para com você, seja paciente e sensível. Não seja tão rude ou pense que é bobagem. Ninguém está em condição melhor nesta Terra, muito pelo contrário, estamos todos na mesma condição. Se alguém não te entender, não o culpe; siga em frente porque no caminho haverá milhares de outros como você, que buscam outros milhares como eles. E os que se entendem, se unem até sermos um, e os que ainda não é porque não despertaram dentro de si.

terça-feira, 29 de novembro de 2016

Precisamos Falar Sobre a Brevidade da Vida


   Não sei exatamente como começar este texto. Não sei se soará coeso ou coerente, se te parecerá linear ou lógico, mas uma coisa eu sei que precisa acontecer: tocar a tua alma. Hoje o Brasil acordou com a triste notícia sobre o time de futebol Chapecoense, que sofreu um acidente durante um voo e, querendo ou não, acontecimentos dessa proporção sempre nos leva a refletir sobre a vida de maneira geral, mas mais especificamente, o valor que devemos dar as pequenas coisas e não damos. Certa vez um amigo meu me contou uma história com o propósito de me fazer refletir sobre condutas familiares, ele me disse: "supondo que você brigue com alguém da sua casa e momentos depois essa pessoa saia de casa, para ir a padaria. Um trajeto simples. Porém, no meio do caminho, um acidente acontece e essa pessoa não resiste e acaba falecendo. Você, na sua casa, ainda com aquele sentimento da briga que ocorreu, recebe a notícia via telefone. Como você se sentiria se o último momento que você teve com essa pessoa fosse marcado por um sentimento negativo ao invés de um momento de amor e felicidade?". Bom, no momento em que eu ouvi isso, me silenciei profundamente, atônita, de como algo tão simples poderia deixar uma marca tão profunda e, pelo resto de uma caminhada, nos trazer a recordação amarga de que poderíamos ter controlado nosso ímpeto e relevado, proporcionando o silêncio e, posteriormente, um momento descontraído, e então teríamos pelo menos a boa recordação para nos confortar ao invés do pesadelo da culpa. Amigos, sempre digo que a língua é o chicote do corpo, mas a culpa é o da alma. E acreditem, a culpa pesa muito e às vezes suportá-la pode ser insuportável. A essa altura do texto sei que você deve ter pensado em mil situações que ocorreram já em sua vida e você deve ter sentido, por alguns momentos, esse peso. Esse acidente hoje com o time de futebol me fez refletir qual teria sido os últimos momentos daquelas pessoas com suas famílias. Será que havia desculpas a serem ditas ou será que todos os que ficaram podem se sentir em paz de saber que deram o melhor de si, viveram o amor ao próximo e tudo que resta hoje é uma saudade dos tempos bons que ficarão em suas memórias? Isso não se restringe apenas ao ocorrido de hoje, isso é sobre todos os pequenos momentos que podemos escolher fazer diferente, para melhor, e ainda assim escolhemos o fel para aprender nossas lições. Contamos muito com um amanhã, que nem sabemos se existirá, apenas por acreditar, de maneira soberba, que temos o controle das situações na vida. Ledo engano. Só existe um Ser neste mundo Onisciente, Onipresente e Onipotente e, enquanto vivermos esperando que os outros melhorem, para que então nós melhoremos, estaremos deixando a vida conduzir dizendo a ela inconscientemente: "aceito o que vier, pois não me importo com o que eu fizer.". Façamos nós a nossa parte: vamos amar, confiar, praticar a caridade, esquecer as diferenças e fazer as pazes enquanto pudermos. Vamos dar o melhor de nós sempre, antes que o pão nunca chegue a sua mesa.


segunda-feira, 1 de agosto de 2016

O Que Te Move?




O que ou quem desperta o seu melhor lado? Aquela fluidez energética que simplesmente faz você se sentir sincronizado com todas as suas partes mais íntimas, sem se sentir revoltado. Aquele desejo de ser revirado, devorado, por uma compreensão que foge do entendimento padrão. Qual é a nome que você atribui a esta beleza? Aquela que te faz respirar fundo para analisar, sem te flagelar. Aquela que quer complementar e não apenas ensinar. Será um sonho ou uma ação que te impulsiona a viver? Já descobriu a tua verdadeira paixão? Você já aprendeu a dizer não? Já aprendeu a se permitir? Ao que ou a quem você atribui a tua vontade? O que te move? Santa zona de conforto que nos desconforta! Todas as vezes em que pensamos já ter conquistado tudo o que desejamos, mas ao sonhar de novo, nos faz perceber que ainda há muito o que se fazer. Sempre haverá muito que fazer. E que isso seja sempre prazeroso e não vergonhoso. Dividir, demonstrar, agregar, acalentar. Que o meu amor e empatia sejam sempre muito maiores do que os das pessoas comigo, em caso um dia faltarem nesse aspecto, o meu estender-se-á a quem precisa, mas ainda me amparará. 

segunda-feira, 25 de julho de 2016

Às Vezes Só É Preciso Ir



Já te ocorreu em algum momento da vida aquelas situações que você sabe que inevitavelmente irão acontecer, mas você não sabe o que esperar ou como se sentir na hora em que o momento chegar? Pois é, acredito que com todos nós, e quem ainda não, relaxa, porque esse dia chega para todos nós. E naquela mistura de ansiedade, medo, pânico, conforto, até letargia, uma paralisia, você se questiona: “e agora? Vou ou não?”. Passam milhares de pensamentos na sua mente em frações de segundos que você mal consegue se expressar. Chega até a sufocar. Horrível, né? Mas a vida não ensina como é melhor viver, não vem com nenhum manual e você também não pode devolver ao fabricante. Nessas horas chegamos em um ponto crucial das nossas decisões: às vezes só é preciso ir! Ir sem pensar, ir sem temer o que poderá chegar ou o que deixaremos para trás. O novo assusta por ser justamente algo NOVO, oras. Por nunca termos vivenciado isso antes, o que é de costume não nos traz nada de desafiador porque já conhecemos, passamos pela fase de superação. Mas note bem que antes de você se adaptar a sua vida, você também temeu esse momento. E é esse o ponto que quero levar você a entender, leitor. O medo sempre existirá para o desconhecido. Não há como saber o tempo todo se nossas ações serão benéficas para nós mesmos, isso leva tempo e exige de nós o ato de tentar, enfrentar. Só há como saber do depois quando você já está vivendo ele, um dia de cada vez, perceba que o novo é o depois.